Mostra Balbucio de Tecnologias OrdináriasData: 17/11/2010 a 17/12/2010 Quando você pensa em câmeras de segurança, monitores de vídeo, sensores, despertadores eletrônicos, tubulações elétricas, pequenos amplificadores de som e outros instrumentos assim tão corriqueiros, o que logo vem à sua mente? Você imagina que essas engenhosidades criadas para facilitar nosso cotidiano podem se transformar em obras de arte? A resposta você pode descobrir e construir com os integrantes do Grupo Balbucio da Universidade Federal do Ceará (UFC). O objetivo da exposição é produzir arte incorporando ferramentas tecnológicas simples e banais (os gadgets), presentes nas experiências ordinárias da vida e encontradas sem maiores dificuldades em qualquer loja de eletrônicos.Segundo Tobias Gaede, um dos artistas do coletivo e mestrando em Comunicação pela UFC, não se trata, pura e simplesmente, “da realocação desses objetos no espaço aurático do museu, procedimento que seria nada mais que uma repetição do ready-made”. Trata-se, diversamente, de fazer uso das potencialidades que esses dispositivos disponibilizam por sua funcionalidade prática – seja pela admissão de tal funcionalidade, seja pela sua subversão por meio de empregos dos quais não se suspeitava ou que, embora evidentes, não eram efetivados. Serão nove trabalhos que possuem a intenção de proporcionar ao público de Fortaleza o contato com esta maneira de fazer artística e tornar o contato do Projeto Balbucio com o público mais próximo e efetivo. E a proximidade com o público pode ser vista com o trabalho “O jardim das Flores Vivas”. De acordo com o idealizador da obra, o doutorando em arte e design pela Universidade do Porto, João Vilnei, o trabalho é de interação, “mas não é de interação com todo mundo; apesar de estar na rua, só funcionará se a pessoa for atenta; não interage com todo mundo, só com as ‘Alices’ de Fortaleza”.“A intervenção foi criada no âmbito da pesquisa que desenvolvi durante Mestrado em Criação Artística Contemporânea na Universidade de Aveiro – Portugal. Desta pesquisa resultou o trabalho ‘Alices: Encontros na Vera-Cruz’”, explica o artista-pesquisador. Em Fortaleza, o trabalho será montado num canteiro de flores ao lado do CCBNB, de maneira a interagir com o interesse dos passantes. O sistema é composto por painéis solares, uma placa eletrônica, uma caixa de som de computador, um mp3 player e um sonar. Toda a parte eletrônica fica escondida, enterrada no canteiro das flores. Nenhuma referência externa é feita nas proximidades do canteiro, o que faz com que apenas os mais atentos aos pequenos detalhes, aos pequenos sons que destoam dos barulhos da cidade, possam, como aconteceu com Alice, ouvir a conversa das flores. A instalação “Reverbero” é um trabalho colaborativo. A concepção e coordenação geral do trabalho é da artista e comunicóloga Chris Salas Roldan, que explica: a obra trata da proposição de uma experiência de interação com um sistema computacional; uma experiência, a priori, individual. “É um jogo entre corpo e máquinas e softwares e componentes eletrônicos que fazem parte do nosso cotidiano – tão inseridos nele que, muitas vezes, não são mais percebidos. É uma dança, uma conexão, talvez até a simples repetição do que realizamos no dia-a-dia, ao acessarmos os sistemas eletrônicos/digitais/computacionais, colocado apenas de modo diverso”, explica. O trabalho trata, ao fim e ao cabo, de aporias mais gerais relativas ao lugar do homem no mundo hoje: “Quais os pontos de vista do ser humano sobre si mesmo? Que imagem o traduz? Que imagem ele reflete? Como ele acredita ser percebido? Afinal, quais são as “caras” dos nossos reflexos em rede? De que modo tudo isso transforma seu corpo?” TRABALHOS APRESENTADOS Concepção: Projeto Balbucio Produção: Cândido Filho, Chris Salas Roldan, Dadylla Rabelo, Flávia Salcedo, Greta Frota, Jedi, João Vilnei, Juin, Tobias Gaede, Wellington Junior Registro |